Pequenos Contos Policiais
Escrito Por: Distino Rodrigues
Pequenos Contos Policiais
Sempre permaneço em
alerta, despertando com o menor ruído, pois meus sentidos estão aguçados. Tenho
a constante sensação de que alguém está me observando, e já se passaram 72
horas desde a última vez que fechei os olhos. Deixe-me contar como tudo
começou.
Quando a pandemia da COVID-19 atingiu minha cidade, muitas pessoas, incluindo minha esposa e eu, perderam seus empregos. Nas primeiras semanas, conseguimos economizar o máximo possível de nossas reservas financeiras. No entanto, chegou um momento em que não conseguimos mais pagar as contas, como água, aluguel, energia e alimentação. Foi então que decidimos vender nossos pertences na esperança de que a cura fosse descoberta rapidamente, permitindo-nos retomar uma vida normal.
Os dias se
passaram, e sem que eu percebesse, retornei aos meus antigos hábitos
autodestrutivos: álcool, tabaco e apostas. Afundado em desespero, cheguei ao
ponto de apostar a minha esposa em um desses jogos de azar. O inimaginável
aconteceu, e perdi a aposta, vendo minha esposa ser levada para trabalhar por
dez longos anos naquele lugar sórdido.
Em um estado de
desespero e agonia, tentei, sem sucesso, realizar um assalto a um carro-forte,
resultando em um ferimento à bala, mas consegui escapar com vida. Nos dias que
se seguiram, busquei ajuda entre aqueles a quem chamava de amigos, mas todos me
viraram as costas ao descobrirem minhas ações.
Foi então que
retornei ao lugar onde havia apostado a vida da minha esposa e pedi para falar
com o senhorio. Supliquei por qualquer trabalho em troca de um simples prato de
comida. O senhorio, astuto e ao mesmo tempo tolo, propôs-me um trabalho: cobrar
dívidas e eliminar os devedores incapazes de pagar.
Ele operava de
maneira discreta, aceitando apenas pagamentos em Bitcoin e evitando transações
bancárias formais. Seu celular era a chave para controlar todo o dinheiro, e
meu único objetivo era ter acesso a ele. Assim, durante dias, analisei
meticulosamente sua rotina e elaborei um plano.
Na última noite de
sábado, ele passaria a noite com minha esposa. Compartilhei meu plano com ela,
pedindo-lhe para drogá-lo e pegar o celular. Eu já havia elaborado um plano de
fuga. Minha esposa executou as instruções, drogou o senhorio e apoderou-se do
celular. No entanto, agora percebo que esqueci de apagar as imagens das câmeras
de vigilância, e o celular é rastreável. O que parecia ser nossa fuga perfeita
tornou-se uma trama mais complexa do que jamais imaginara.
http://eusoleitura.blogspot.com/p/contos-policiais-curtos-para-ler-em.html
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