Bons Contos de Terror

Bons Contos de Terror
Escrito Por: Paulo Sutto

Turno da noite

Existem situações em nossas vidas que talvez não tenham explicação plausível ou aceitável.

O ano era 1986, não me recordo o mês, só me lembro que era inverno,  e o relato abaixo é real e vivido por esse que agora vos escreve.


Nessa época eu trabalhava em um grande hospital psiquiátrico, hoje considerado um dos maiores da américa latina, talvez o maior.
Geralmente eu fazia o plantão noturno, que me rendia um valor a mais no salário, e também porque poucos funcionários gostavam desse turno.
Apesar de ser mais sossegado, ainda era o Turno da noite.
Desde quando entrei a trabalhar lá, sempre ouvia muitas histórias estranhas sempre ocorridas durante o turno da noite.
Costumavam ouvir vozes, passos pelos corredores, às vezes gritos, enfim uma série de situações que até então eu nunca havia presenciado, e que sendo assim, me pareciam mais lendas do que realidade.
Pois bem, como disse era um turno sossegado, pois os pacientes estavam todos dormindo, com raras exceções de alguns insones a perambular pelos quartos.
Era inverno, e naquele ano se apresentava bem rigoroso, em especial naquela noite em que o que vou relatar aconteceu.


Ficamos sempre em duas pessoas no setor, entravamos às 22 horas, a maioria já estava dormindo, fazíamos todas as tarefas, preenchíamos relatórios, enfim toda a papelada burocrática.  Por volta de 1 ou duas da manhã tudo estava pronto.
Nessa noite como estava muito frio,  ajeitei uma cadeira no final do corredor, peguei um cobertor  e me sentei confortavelmente na medida do possível.
Meu colega de plantão continuou no posto de enfermagem.
Eu não estava com sono naquela noite.

Ao que me sentei, senti um sono muito estranho e quase impossível de aguentar. Nunca havia sentido aquilo antes, era muito sono, um peso nos olhos. Não sei dizer como, mas sinto que adormeci imediatamente.
Mas era um sono estranho, pois ao mesmo tempo em que eu me sentia dormindo estava acordado.
Porém como se estivesse preso dentro de meu corpo, sem poder me mexer, mas acordado.
Ouvi vozes nos quartos, barulhos, pessoas gritando, andando pelos corredores, mas não via nada.
Até então.

A sensação de pavor se instalou em minha mente. Desesperador.
Foi então que vi algo que não gostaria de ter visto.
Eles estavam saindo de seus quartos, e eu sabia que não eram os pacientes que estavam internados ali.  E eu não os conhecia. Usavam roupas estranhas, com certeza de épocas passadas.
Ficaram ali durante um bom tempo apenas perambulando sem rumo.

Mas isso não era o pior,  o apavorante era a sensação de estar imóvel, apenas vendo a cena toda.
Tentei falar, gritar, mas nada saia. Nem me mexer conseguia.
O que pareceu levar muito tempo, provavelmente foi muito rápido.
Quando meu companheiro de turno chamou pelo meu nome e me tocou no braço, ainda permaneci  imóvel, vendos todas aquelas pessoas retornarem para os quartos, ficando apenas nós dois e tudo mais no maior silêncio.
Ele achou que tivesse caído no sono, provavelmente nem percebendo nada de anormal.
Eu também não comentei nada com ele, talvez por medo da reação dele perante o relato.

Até hoje fico com essa dúvida, eu estava dormindo?  Ou eles realmente estavam pelos corredores?
Estariam todas as noites por ali? E algum estranho portal se abria ás vezes permitindo essas visões?

Não sei ainda a resposta, e nunca comentei isso com ninguém.
Sinta-se privilegiado.
Quem sabe eu contando a você eu consiga passar para você um pouco da sensação que tive naquela noite...

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