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A Memoria

Despertou em uma praça, com roupas rasgadas, ferimentos no rosto e o pé inchado. Tentou desvendar o mistério: o que acontecera? Como fora parar ali? Será que fora vítima de um assalto? Pior ainda, não conseguia recordar seu próprio nome. Quem era ele?

Ao se levantar, dirigiu-se à sua casa, a única certeza que acreditava não ter desaparecido. Ao se aproximar, avistou um carro policial estacionado nas proximidades, gerando perplexidade. Seria ele um criminoso? Ou talvez não fosse sua casa? Incerto, decidiu não se aproximar, optando por dar a volta e tentar entrar pelos fundos.

Correu dali, transpondo morros na vizinhança, evitando chamar a atenção dos guardas noturnos, que, ironicamente, tornavam-se seus inimigos naquela noite. O frio contrastava com seu suor incessante, e, apreensivo, vigiava os arredores por qualquer sinal de perigo. Parecia que nada estava a seu favor naquela noite desafiadora, refletia enquanto avançava furtivamente.

Finalmente, superou o último obstáculo. Ao calçar o último pé, prestes a encerrar sua jornada de ginástica aliada ao desespero do desconhecido, foi surpreendido pelo latido de um cão. O latido, como um eco, interrompeu seu movimento, fazendo-o reavaliar sua situação. A vida parecia passar diante de seus olhos naquele momento crucial, seu coração parou, a respiração suspendeu-se, e o salto foi interrompido. Seu inconsciente agiu para livrá-lo daquela situação. Desorientado, aflito, ao dar o primeiro passo após minutos de espera, esbarrou em uma senhora.

Sem olhar para seu rosto, começou a pedir perdão, explicando que não era culpado, mas sim a vida, que apenas tentava descobrir a verdade sobre si mesmo. A senhora, trajando longas vestes para se proteger do frio, gritou por socorro.

Amigos da noite, curiosos e meio cautelosos, ofereceram ajuda. Acreditando que o homem de joelhos próximo à senhora era um malfeitor, armaram-se com objetos contundentes e gritavam em euforia. O bom senso de um transeunte, o primeiro a tentar compreender a situação, percebeu que o homem precisava de ajuda.

Após esclarecerem o mal-entendido, decidiram ajudar o homem, chamando a polícia, que chegou rapidamente. Devido a seu estado físico, o conduziram ao hospital. Os enfermeiros, diante de seu comportamento, suspeitaram de um trauma, realizaram testes, mas nenhum indicava algo grave. Deitaram-no em um dos quartos após administrar um medicamento para repouso e informaram a polícia.

Sob efeito dos medicamentos, seus pensamentos continuavam na casa, sua única pista para descobrir sua identidade. A TV ligada e os guardas do hospital distraídos, ele aproveitou para fugir, retornando à casa. Novamente, avistou um carro policial estacionado. Pegou um pedaço de pau e aproximou-se sorrateiramente, vendo uma jovem encostada no carro. Sem hesitar, acertou-a na cabeça. Ao vê-la caída, reconheceu instantaneamente seu rosto. A moça espancada era sua filha, o carro era seu, pois ele era um policial. Lembrava-se também de que a perda de memória ocorreu devido a um acidente em uma missão de trabalho.

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